Taça dos Campeões Europeus 1983/84 (parte I)
Este é um post que já há muito estava para ser escrito... No entanto, e de acordo com a sequência cronológica que tinha em mente, ele coincidiria com a eliminatória que opunha o Benfica ao Liverpool nos oitavos de final da edição 2005/06 da Champions League, e sobre a qual um dia haverei de escrever :-) (primeira "mão": vitória por 1-0 na Luz, golão de Luisão; segunda "mão", vitória por 2-0 em Anfield Road, golões de Simão e Miccoli :-D).
A razão pela qual adiei este post (e para não ficar "parado", comecei a escrever sobre o apuramento da selecção para o Euro 1984) foi porque não me agradava muito a ideia de estar a relembrar uma eliminatória de má memória contra o mesmo adversário que o Benfica estava para defrontar.
De qualquer forma, deixo essa eliminatória contra o Liverpool para outro post. Este será sobre o percurso do Benfica até aos quartos de final da edição de 1983/84 da Taça dos Campeões Europeus.
Devo começar por dizer que, depois da excelente campanha na Taça UEFA, na época anterior, estava com grandes espectativas relativamente à TCE de 83/84.
O sorteio da 1ª eliminatória ditou-nos como adversário o Linfield de Belfast. Um adversário mais que acessível, já que o futebol norte-irlandês, do ponto de vista clubístico, tinha (e continua a ter) pouca expressão. Embora a selecção da Irlanda do Norte tivesse recentemente alcançado a fase final do Mundial de 82 (tendo inclusivamente conseguido o apuramento na 1ª fase de grupos), os seus principais jogadores (recordo-me de Pat Jennings, Armstrong, Hamilton e o jovem talento Norman Whiteside), actuavam quase todos em clubes ingleses, tal como nos dias de hoje.
Tenho uma vaga memória dos jogos desta eliminatória:
- Primeira "mão" na Luz: o Benfica teve dificuldade em ultrapassar o "autocarro" defensivo dos irlandeses. Só com a 2ª parte adiantada é que o Benfica conseguiu "furar a muralha" e logrou inaugurar o marcador (pareço o Acácio Pestana ;-) ) - e ainda assim foi necessária a colaboração dos irlandeses, já que se tratou de um auto-golo (facto que não me recordava e que obtive por consulta aos registos desse jogo). Depois, já com a "muralha" desfeita, acabou com naturalidade por alargar a vantagem até aos 3-0 finais. O 3º golo (uma "bomba" à entrada da área), foi apontado pelo dinamarquês Manniche, tendo sido o seu primeiro em competições oficiais, se não estou em erro.
- Na 2ª "mão", o Benfica começou mal: Diamantino, habituado a marcar golos na baliza adversária, teve a infelicidade de inaugurar o marcador com um auto-golo, colocando os irlandeses em vantagem. Mas o Benfica, mesmo sem ter a eliminatória em perigo, "puxou dos galões" e acabaria por inverter o resultado. Nesse jogo o destaque foi para Stromberg, com dois golos (primeiro e terceiro), um dos quais de grande qualidade, tal como o meu amigo S.L.B. fez questão em relembrar. O outro foi de Diamantino, que assim redimiu-se do auto-golo. Depois de estar a ganhar por 3-1, o Benfica ainda consentiu o 3-2, mas a vitória não fugiu.
O adversário seguinte foi o Olympiakos Pireus, de Atenas. O Olympiakos havia eliminado o Ajax na primeira eliminatória, pelo que era um adversário a ter em conta. A grande estrela do Olympiakos era o goleador internacional grego Anastopoulos. O que me lembro desses jogos:
- Lembro-me que o Benfica perdeu o primeiro jogo, por 1-0 (golo precisamente de Anastopoulos, que já havia sido o 'carrasco' do Ajax na 1ª "mão"). Não me lembro muito mais, a não ser que apesar da derrota, que os comentadores diziam que o Benfica tinha todas condições para passar a eliminatória. Talvez o Benfica pudesse ter feito mais nesse jogo, mas uma derrota 0-1 não era de forma alguma comprometedora, pelo que terá preferido não arriscar sofre o 0-2 nalgum contra-ataque, e sabendo que em condições normais o Benfica, jogando em casa, dificilmente daria hipóteses ao Olympiakos
- O segundo jogo provou, de facto, a superioridade do Benfica. Julgo recordar-me melhor desse jogo, em que o Benfica entrou a "massacrar". De tal forma que, durante a 1ª parte, o Benfica chegou aos 2-0, com golos de Filipovic e Diamantino (esta informação foi obtida com 'batota' :-) ). Não posso, mais uma vez, afirmar com certeza se assim terá sido, mas o Benfica, mesmo a ganhar por 2-0 (e de aos gregos bastar um golo para recuperarem a vantagem na eliminatória), dominou o jogo e parecia que o apuramento não iria fugir. A confirmação surgiu já na 2ª parte, com o 3-0 (que também com 'batota' sei que foi alcançado aos 75 mins. por Manniche).
O sorteio dos quartos de final colocou o Liverpool no caminho do Benfica. Fica então para o próximo post a crónica dessa eliminatória difícil de esquecer e de 'digerir'.