Taça UEFA 1982/1983 - parte II (eliminação da AS Roma)
Depois de ultrapassado o Zürich, o sorteio ditou que a poderosa AS Roma seria o adversário do Benfica nos quartos de final da Taça UEFA 1982/83.
O meu pensamento foi que, muito provavelmente, iria acabar por ali a caminhada europeia (mas obviamente acreditando sempre na possibilidade de ultrapassar este dificil obstáculo: se o fizesse, seria quase como ser campeão!).
Não pude assistir ao jogo da 1ª mão, em Roma (nem sequer ao relato), porque foi disputado ao início da tarde e eu estava nas aulas (frequentava a 4ª classe, na altura).
Durante um intervalo, um colega meu soube, não sei como, do resultado, que se apressou a transmiti-lo: vitória do Benfica por 2-1! Seguiu-se a cena de eu e uns colegas meus andarmos aos pulos pela escola a celebrar a vitória do Benfica! Ganhar à Roma foi, para mim, dos maiores feitos alcançados pelo Benfica de que tenho memória. Mesmo nos dias de hoje, se pensarmos que foram raras as vezes que equipas portuguesas derrotaram equipas italianas nas competições europeias, vencer a Roma continuaria a ser um grande feito, embora a Roma já não seja tão forte como era na altura.
O grande herói desse jogo fora novamente Zoran Filipovic, ao marcar os dois golos do Benfica, que chegou mesmo a estar a ganhar por 2-0.
(Fotos gentilmente cedidas por S.L.B.)
0-1
0-1
0-2
Do jogo da segunda mão, do qual já tive a oportunidade de acompanhar o relato (por ter sido à noite), recordo-me que, durante a primeira parte, o Benfica fez o 1-0. Naturalmente, aquele golo dava algum conforto ao Benfica, e pensava eu que a eliminatória estaria resolvida.
1-0
No entanto, a partir desse golo, e creio que sobretudo na 2ª parte, a Roma exerceu uma forte pressão para recuperar a desvantagem de dois golos. Mesmo apesar da vantagem, comecei a ficar preocupado com o decorrer do jogo e com o facto de praticamente só a Roma atacar.Perto do fim, a Roma chegou mesmo a marcar, por intermédio de outro grande jogador da altura: o brasileiro Falcão. Tenho até a ideia de o Falcão ter sido a figura do jogo, não só pelo golo, mas por ter sido o dinamizador da tentativa de recuperação da Roma.
Nos minutos finais, após o empate, lembro-me mesmo de ter ficado com a "cabeça à roda" de tanta ansiedade, pois a Roma massacrou, numa tentativa desesperada de alcançar o prolongamento - naquelas circunstâncias, seria péssimo que, depois de tudo o que Benfica havia conseguido, sobretudo na 1ª mão, ser obrigado a ir a prolongamento.
O fim do jogo foi um verdadeiro suspírio de alívio e de contentamento, mas também de algum desapontamento por o Benfica não ter ganho o jogo... Afinal, tínhamos ganho em Itália, por que raio não fomos também capazes de ganhar o jogo em casa?...