segunda-feira, outubro 31, 2005

Cadernos de "A Bola" - 1982/83

Ávido que eu era por informação futebolística (sobretudo relativa ao meu Benfica), e como forma de ocupar alguns tempos mortos que tinha durante as férias de Verão, comecei, a partir de 1982 (hábito que mantive durante alguns anos), a comprar os Cadernos de "A Bola".

Na capa desta edição de "Os Cadernos de 'A Bola'", Oliveira é a figura de destaque da equipa campeã nacional da época transacta.
Curiosamente, Oliveira exerceu, interinamente, as funções de treinador no início dessa época, funções essas que acumulou com as de jogador.
Outra curiosidade, é o facto de, à data desta edição, se desconhecer qual o 16º participante da 1ª divisão (o ponto de interrogação que se vê no fundo da página), já que na altura, o 13ª classificado da 1ª divisão, disputava
a liguilha com os 2ª classificados das 3 zonas da 2ª divisão, abrindo assim a possibilidade de uma 4ª equipa da 2ª divisão (para além dos 1ºs de cada zona) ser promovida à 1ª divisão. O Salgueiros (2ª classif. da zona norte) seria o vencedor, em detrimento do Penafiel (13ª - 1º div.), Académico de Coimbra (2º classif. zona centro) e Farense (2º classif. zona sul), mas tal só veio a ocorrer após o fecho desta edição.

De facto, durante uma semana, não descansava enquanto não decorava uma boa parte dos platéis das equipas mais importantes, com primazia, como é óbvio, para o Benfica (a minha mãe dizia que a página com o plantel do Benfica ia ficar amarela ao fim de uma semana, tantas eram as vezes que eu a consultava).
Outro passatempo era decorar os equipamentos, principais e alternativos, de todas as equipas da 1ª divisão e das 3 zonas da 2ª divisão, se os campos eram relvados ou pelados, e a respectiva lotação... (eu sei: que grande pancada que eu tinha... mas é precisamente essa pancada, da qual ainda hoje tenho algumas sequelas, que me faz escrever estas memórias!).
Quando jogava futebol sozinho no meu quarto, era sempre com os Cadernos abertos, para saber os nomes dos jogadores a quem o Benfica, nesses jogos em que eu protagonizava todos os jogadores, dava grandes tareias). Também utilizava os Cadernos para os meus jogos de Subbuteo (jogo a que também dedicarei um post).

terça-feira, outubro 25, 2005

Memórias Fotográficas

No comentário a um dos posts deste blog, o Francis fez uma excelente sugestão para melhorar este blog: a inclusão de fotos.
Nos entretantos, o S.L.B., no contexto do seu projecto de conversão dos resumos dos jogos do Benfica de K7 Betamax para DVD (e cujas primeiras gravações remontam ao início dos anos 80), tem-me enviado alguns snapshots desses mesmos resumos, que utilizei para actualizar este, este e este posts.

Um destes dias tive de ir à arrecadação, onde está depositada alguma "tralha" que trouxe de casa dos meus pais, quando me casei, e que muita dela ainda não tinha desempacotado até à altura. Entre esse material por desempacotar, encontrava-se edições antigas (anos 80) de "Os Cadernos de 'A Bola'", algumas números de 1985 da revista "Foot", o pequeno rádio-transistor através do qual eu acompanhava os relatos dos jogos do Benfica e algumas fotos e posters da equipa do Benfica.

Considerando que os posts mais recentes foram maioritariamente dedicados à época de 1982/83 (aquela da qual talvez ainda hoje guarde melhores recordações), nada melhor do que um poster e uma fotografia da equipa dessa época...

Sem precisar de olhar para a legenda, ainda consigo identificar todos os jogadores que constam neste poster.
Em cima (da esquerda para a direita): Shéu, Nené, Humberto Coelho (cap.), António Bastos Lopes, Stromberg, Bento
Em baixo: Pietra, Veloso, Diamantino, Chalana, Carlos Manuel


Esta é uma fotografia com do plantel completo do Benfica. Em termos visuais, de assinalar a cabeleira pouco habitual do Nené, o facto de o Carlos Manuel na altura ainda não usar bigode e de o Bento aparecer sem bigode.
A história desta foto é engraçada (para mim, claro): antes do início do ano lectivo (possivelmente 82/83, embora não seja de excluir a hipótese de ter sido 83/84) a minha mãe (que é professora), foi à editora de um dos manuais escolares seleccionados pela escola, para uma das suas disciplinas, de modo a adquirir o mesmo. A editora ficava na Rua do Jardim do Regedor, onde na altura estava localizada a sede do Benfica. Antes de regressar a casa, a minha mãe resolveu entrar na loja do Benfica que existia na sede, onde comprou uma espécie de "pin" (infelizmente não o encontrei), e com a sua habilidade para meter conversa (explicando que era para o filho, "maluco" pelo Benfica...), conseguiu que oferecessem esta foto!


Nas costas da foto, os nomes de todos os jogadores e elementos da equipa técnica que constam na foto.

segunda-feira, outubro 17, 2005

FC Porto - 0, Benfica - 2: Campeonato 1990/91

Sábado, dia 15 de Outubro de 2005, 21:00.
Quando está prestes a iniciar-se, no estádio do Dragão, mais um FCP-Benfica, recuo na memória, pela milionésima vez neste dia, até ao dia de Abril de 1991 marcado para o confronto entre estas duas equipas na cidade do Porto (então no estádio das Antas), em jogo a contar para o campeonato da 1º divisão da época de 1990/91.
Antes desse jogo começar, o Benfica liderava o campeonato com a vantagem de apenas 1 ponto sobre o adversário desse dia, o FCP. Para o FCP, era crucial vencer esse jogo, pois já não faltavam muitas jornadas para o final do campeonato. Em caso de empate, obviamente que o Benfica seria a equipa que mais beneficiaria com o mesmo.
O ambiente criado para a "recepção" ao Benfica, pelas hostes portistas, foi terrível. O autocarro do Benfica foi apedrejado à chegada, os jogadores não puderam equipar-se nos balneários devido ao intenso e insuportável odor e já no relvado, constatou-se que as faixas laterais tinham sido regadas para dificultar a movimentação dos extremos do Benfica (Vítor Paneira e Pacheco), um dos seus principais recursos ofensivos.
Em campo, a história foi outra. O Benfica controlou o jogo de início ao fim. Durante a primeira parte, a melhor situação de golo foi criada pelo médio sueco Jonas Thern (outro grande jogador que representou o Benfica e que com Valdo formava uma óptima dupla no meio campo) a enviar a bola ao poste, após remate de fora da área. Chegado o intervalo, com 0-0 no marcador, lamentei, como sempre, o facto de não termos marcado naquela situação, pois nestes jogos, o desperdício de oportunidades pode ser fatal.
Na segunda parte, o Benfica continuou a controlar o jogo, na medida em que o FCP não estava a revelar-se particularmente ameaçador e era ao Benfica a quem mais interessava o empate.
Eu naturalmente pensava que o empate era um bom resultado, mas temia que, numa bola parada ou num lance furtuito, o FCP alcançasse os seus intentos...
Para a recta final do jogo, o Eriksson (que havia regressado ao Benfica na época anterior) resolveu lançar o César Brito no jogo. Ao saber que ele iria entrar, pensei que o Rui Águas (outro grande jogador, para mim o melhor avançado português desde que o Nené e do Jordão chegaram ao fim das suas carreiras) seria o candidato a sair, de modo a refrescar o ataque.
Mas quem saíu foi o Pacheco... Ou seja, o Eriksson terá percebido que o Benfica tinha ali uma excelente oportunidade para ganhar o jogo, ao colocar um avançado no lugar de um médio-ala.
O que é certo é que, passado não muito tempo após a entrada do César Brito, o Vítor Paneira, numa jogada pela direita, faz aquilo em que era exímio: ir à linha e centrar para a cabeça de um avançado, com uma enorme precisão. O avançado a quem o centro se destinava era o próprio César Brito, que aperece ao primeiro poste, isolado, a corresponder da melhor forma ao centro do Paneira: golo!!

(imagens dos golos cedidas por... advinhem quem ;-) ? )
Não me recordo de, antes daquele jogo, e em jogos para o campeonato, o Benfica ter estado alguma vez em vantagem frente ao FCP, nas Antas, quanto mais ter ganho um jogo. Por isso, e uma vez que faltava apenas 10 mins. para o fim do jogo, preparava-me para assistir a um momento histórico.
Ainda estava eu a pensar se o Benfica iria conseguir segurar a vantagem, quando numa jogada pelo lado esquerdo, o Valdo, com um passe fantástico, deixou o César Brito isolado, cara-a-cara com o Vítor Baía. Perante a saída do Baía, já em queda a tentar fazer a "mancha", o César Brito, com grande calma, colocou-lhe a bola por cima, fazendo assim o 0-2, a cerca de 5 mins do fim!

Tal como o jogo estava a decorrer, com o Benfica a controlar os acontecimentos e a ganhar por 2-0 tão perto do fim, tinha a certeza que a vitória não iria fugir. E de facto, assim foi. Pela primeira vez na minha "carreira" de benfiquista, vi o Benfica a derrotar o FC Porto no estádio das Antas, ainda para mais, em circunstâncias que colocavam o Benfica em vantagem privilegiada para se sagrar campeão (tal como veio a acontecer), aumentando a vantagem para 3 pontos (na altura as vitórias valiam apenas 2 pontos).

O que sucedeu depois do jogo (agressões e ameaças a dirigentes do Benfica, onde se destacou essa figura tristemente célebre, o guarda Abel), apenas menciono para registar o facto, já que este não é o espaço para discutir a gravidade dessas ocorrências e o mau perder de certos portistas.
E embora eu tivesse preferido que essas cenas não tivessem ocorrido, acabaram por servir para valorizar a vitória - merecida, diga-se - do Benfica!

Mais importante que isso, para a história ficaram, acima de tudo, e para além do resultado, os dois excelentes golos do César Brito, que deste modo conquistou um lugar na galeria de heróis benfiquistas!

César Brito festejando a vitória, com o capitão António Veloso (à direita) e o sueco Mats Magnusson em plano de fundo.
(Foto gentilmente facultada pelo
Francis)

Regressando ao dia 15 de Outubro de 2005, antes de o jogo se iniciar, estou confiante que é desta vez, passados 14 anos sem que entretanto o Benfica tenha logrado vencer no terreno do FCP (que entretanto passara a ser o estádio do Dragão), que o Benfica vai repetir a proeza para a qual, naquela tarde de Domingo de Abril de 1991, o herói César Brito contribuiu com os seus 2 golos.
O que se passou nas quase 2 horas seguintes naturalmente também me ficou na memória (que espero mais tarde transcrever). Para já, a importância do resultado final foi para mim motivo para antecipar o relato daquela vitória de 1991, quebrando excepcionalmente a sequência cronológica que tenho seguido para escrever os meus posts.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Taça UEFA 1982/1983 - parte IV (Final)

Para um adepto que acompanhe o futebol com emoção, ver o seu clube chegar à final de uma competição europeia deve ser dos momentos de maior ansiedade, onde se mistura a satisfação de se chegar à derradeira etapa de uma competição de prestígio (o que só por si é um grande mérito) e ao mesmo tempo, o receio de, estando ali tão perto, não conseguir aproveitar essa oportunidade única de escrever o nome na lista de vencedores dessa competição.
Note-se que, na altura, a Taça UEFA era disputada pelos 2ºs e 3ºs classificados de todos os países (excepto quando essa classificação coincidia com a conquista da taça do respectivo país). Hoje os clubes dos países futebolisticamente mais poderosos apuram, até ao 4º classificado, os respectivos clubes para a Liga dos Campeões (e respectivas pré-eliminatórias). Do mesmo modo, os vencedores das taças (muitas vezes equipas de perfeitamente secundárias nos respectivos países) também são apurados para a Taça UEFA. Ou seja, a dificuldade em conquistar a Taça UEFA, até meados dos anos 90 era consideravelmente maior do que actualmente, já que as grandes equipas que anteriormente disputavam a taça UEFA foram "canalizadas" para a Champions League.

Portanto, quando o Benfica chegou à final da Taça UEFA de 1983 (ainda para mais disputada a duas "mãos", uma no terreno de cada equipa, como se de uma eliminatória se tratasse - o actual formato de final com um só jogo, em campo neutro, foi introduzido na edição 1997/98), senti esta sensação de ansiedade que descrevi. Até porque, entre o apuramento para final (o empate 1-1 em Craiova) e o jogo da 2ª mão houve o intervalo de um mês (com o jogo da 1ª mão pelo meio).
O adversário era o Anderlecht, que no ano anterior tinha chegado às meias finais da Taça dos Campeões (derrotado pelo Aston Villa, vencedor dessa edição) e na sua equipa contava com alguns jogadores internacionais pela selecção belga (numa altura em que esta se encontrava precisamente no seu auge - tinha sido 2ª classificada no Euro 1980), tais como o guarda-redes Munaron, Vercauteren, van den Bergh, Czerniatynski e Coeck. Também contava com outros jogadores internacionais tais como os dinamarqueses Brylle-Larsen e Morten Olsen.
Por isso, era um adversário de respeito e de qualidade, mas na altura eu não queria saber disso para nada! Queria era que o Benfica ficasse com o "caneco"! Até porque o Benfica também tinha uma grande equipa, onde não havia um único jogador que se pudesse considerar o elo mais fraco da equipa. Era realmente uma grande equipa, onde o talento de algumas individualidades era aproveitado em função da equipa.

O jogo da primeira mão, em Bruxelas (no malfadado, mas por outras razões, Estádio do Heysel, em Bruxelas), não correu muito bem. O Anderlecht ganhou o jogo, por 1-0 (golo Brylle-Larsen na primeira parte) e provou ser uma grande equipa.
Recordo-me que na segunda parte o Benfica chegou a ter uma boa oportunidade para empatar (pelo Diamantino, se não me engano), mas o certo é que de nada serviu.
No fim do jogo, e durante os 15 dias de intervalo até ao jogo da 2ª mão fique a lamentar a oportunidade desperdiçada pelo Benfica para empatar o jogo, pois mesmo apesar de a desvantagem ser mínima, não se previa fácil dar a volta no jogo da Luz.

Chegado o dia do jogo da 2ª mão, não pensava em mais nada e na escola não se falava de outra coisa. A maioria dos meus colegas era benfiquista (claro!), e todos acreditávamos que o Benfica podia "dar a volta" à desvantagem e conquistar o troféu. As "apostas" eram sobre quem marcava os golos, que naturalmente, incidiam na sua maioria no Nené e no Filipovic (aos quais eu acrescentava o Carlos Manuel).
O jantar foi a correr, comi menos que o habitual para ser mais rápido e ter tempo para me "concentrar" no jogo! Os meus pais, que não apreciam grandemente futebol, também foram "contagiados" pelo meu entusiasmo, e também quiseram assistir ao jogo, que seria transmitido pela RTP (o da 1ª mão não foi transmitido).
O Benfica começou o jogo ao ataque, pois tinha que recuperar da desvantagem. O golo tardava em aparecer até que o Shéu, que raramente marcava golos e se aventurava no interior da área, aparceu isolodo, qual ponta de lança, a concluir uma excelente jogada com um excelente golo! Escusado dizer que me fartei de celebrar aquele golo, e o pensamento foi que estava aberto o caminho para o Benfica ganhar o jogo. Sinceramente, estava plenamente convicto de que o Benfica iria acabar por marcar o 2º golo e nem me passava pela cabeça que o Anderlecht marcasse.

(Fotos gentilmente cedidas por S.L.B.)
O que é certo é que, decorridos cerca de 5 mins, num momento de desconcentração da equipa (e sobretudo da defesa) - talvez ainda deslumbrada com o facto de ter a vitória ao seu alcance - o Anderlecht acabou por empatar o jogo, com um golo do avançado espanhol Lozano. Não foi um "balde de água fria", mas sim de "água gelada". Fiquei furioso e indignado pelo atrevimento dos belgas de estarem a estragar a festa do Benfica em pleno estádio da Luz... Mas o facto é que, em poucos minutos, deu para viver intensamente todas as emoções possíveis quando se assiste a um jogo de futebol.
Até ao fim do jogo, o Benfica continuou a atacar mais, como lhe competia, mas o Anderlecht estava muito bem organizado e não me lembro de ter havido grandes oportunidades de golo. Certo é que não houve mais golos, e com o empate, o Benfica perdia para o Anderlecht a Taça UEFA.
Acabei por ficar resignado com o resultado (apesar de achar que o Benfica era a melhor equipa), e os meus pais tentaram relativizar a derrota como tentativa de me animarem. Mas ainda hoje lamento a forma como o Benfica perdeu essa final...

Já agora, transcrevo aqui os factos do jogos da final (o meu "auxiliar de memória" de que falei no primeiro post sobre o tema...).
Estes dados foram obtidos em: http://galeb.etf.bg.ac.yu/%7Emirad/Archive/UEFA1983.HTM#fin


[1ª mão]
RSC Anderlecht Brussels - SL Benfica Lisbona 1:0 (1:0)

04.05.1983 (?.?) Brussels, Stade du Heysel (-58000) Bogdan G. Dochev BUL

Anderlecht: Munaron - Hofkens, Peruzovic, Olsen, de Groote - Lozano, Coeck,
Frimann-Hansen, Vercauteren (c) - van den Bergh (78 Czerniatynski),
Brylle-Larsen

Coach: Paul van Himst

Benfica: Bento - Pietra, Frederico (78 Alberto Bastos Lopes), Humberto
Coelho (c), Alvaro - Carlos Manuel, José Luis, Chalana, Shéu - Diamantino,
Filipovic (68 Nene)

Coach: Sven-Göran Enksson SWE

1:0 Brylle-Larsen 30

booked: de Groote / José Luis, Pietra
sent off: José Luis (75)


[2ª mão]
SL Benfica Lisbona - RSC ANDERLECHT Brussels 1:1 (1:1)

18.05.1981 (?.?) Lisbona, Estadio da Luz (-80000) Charles G. R. Corver HOL

Benfica: Bento - Pietra, Veloso (62 Alves), Humberto Coelho (c), Antonio
Bastos Lopes - Carlos Manuel, Nene, Strömberg - Diamantino, Chalana, Shéu
(50 Filipovic)

Coach: Sven-Göran Eriksson SWE

Anderlecht: Munaron - de Greef, Peruzovic, Olsen, de Groote - Broos,
Frimann-Hansen, Coeck, Vercauteren (c) - van den Bergh (78 Brylle-Larsen),
Lozano

Coach: Paul van Himst

1:0 Shéu 32, 1:1 Lozano 39

segunda-feira, outubro 10, 2005

Taça UEFA 1982/1983 - parte III (Meia-final)

Depois de eliminar a Roma, encontrámos o Universitatea Craiova, da Roménia, na meia final.
Claro que inocentemente pensei que, se tínhamos ganho à Roma, não seria difícil ganhar a esta equipa para mim desconhecida (após algumas pesquisas, descobri que foi o representante da Roménia nas duas edições anteriores da Taça dos Campeões). Era uma das principais equipas romenas da altura (talvez uma das protegidas do regime do Ceausescu...), e convem não esquecer que 3 anos mais tarde uma equipa romena, o Steaua Bucareste, seria campeã europeia, o que demonstra que esta era uma equipa com alguma qualidade.
De facto, o Univ. Craiova revelou-se uma equipa difícil de ultrapassar.

No jogo da primeira mão, no Estádio da Luz, os romenos apostaram essencialmente na defesa, à espreita do contra-ataque, mas creio que o grande objectivo era levar a resolução da eliminatória para a Roménia.
Penso que o Benfica não teve grandes oportunidades, ao ponto de me recordar o quanto se lamentou a única oportunidade flagrante desperdiçada pelo Benfica, a 10 mins. do fim, num remate do Diamantino ao poste.
O resultado final, 0-0, era obviamente pouco conveniente para o Benfica, que teria obrigatoriamente de marcar na Roménia. Ainda assim, o facto de não termos sofrido golos não deixou de ser importante. Do que me recordo, os romenos também não se terão preocupado grandemente em marcar. Mas claro que me lembro bem do desalento por não termos sido capazes de ganhar o jogo em casa, nem que fosse 1-0.

O jogo da segunda mão, tal como o jogo em Roma, não pude acompanhar, por estar na escola a essa hora... E pior ainda, não houve maneira de saber o resultado logo, a não ser quando cheguei a casa da minha avó (para onde eu costumava ir depois das aulas). Aí fui informado do resultado e claro que logo a seguir pus-me aos pulos por toda a casa!
Segundo o meu primo que me informou do resultado, o Bento teria dado um "frango" no golo dos romenos, que os colocou em vantagem no início da 1ª parte (lembro-me mal do resumo e tenho de dar o desconto ao meu primo por ser lagarto, mas tenho uma vaga ideia de o Bento ter sido, de facto, mal batido nesse golo). E naturalmente, não me surpreendeu que o herói do Benfica tivesse sido o Filipovic, que fez o golo do empate no início da 2ª parte.

(Fotos gentilmente cedidas por S.L.B.)
Não sei se o Benfica jogou bem ou mal, mas graças à vantagem do golo fora, o Benfica alcançou a final! Ainda estava fresca na memória a final da Taça das Taças falhada dois anos antes, pelo que o simples facto de o Benfica estar (novamente, passados 15 anos) numa final de uma competição europeia fez-me sentir bastante orgulhoso por eu ser benfiquista!